WHAT IF WRITING HAD MALIGNANT CONNOTATION?

A surrender to demonic designs under the skin. Writing is breathing, it's coming to the surface, without pretense or false emancipation. Writing is putting the finger on the wound, if not, the effort it's not worth it. Writing... a restless assumption that overturns supposed truths. Shakes the windows like thunder, often illuminates the landing of the staircases leading to solitude, leading to the fire's cold that makes the bread hot, satiates mouths, exasperates spirits, girds pain up and on it sees itself in the mirror. Writing is to prolong, to continue after death. To persist in an incessant search. One of the silences to which words lend themselves.

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E SE ESCREVER TIVESSE UMA CONOTAÇÃO MALIGNA? Uma entrega aos demoníacos desígnios sob oe poros. Escrever á respirar, é vir à superfície, sem pretensas ou falsas emancipações. Escrever é colocar o dedo na ferida, e se não for, não vale o esforço. Escrever...assumpção inquieta que derruba supostas verdades. Estremece os vidros como o trovão, ilumina amiúde o patamar das escadas que dão para a solidão, que dão para o frio do lume que faz quente o pão, sacia bocas, exaspera espíritos, cinge a dor e nela se vê ao espelho. Escrever é prolongar, continuar depois da morte. Persistir numa incessante procura. A do silêncio a que se prestam as palavras.

by Leonora ROSADO, in "VOZES DE SÂNDALO", Editora Labirinto, 2022

(English translated by Armando TABORDA, 2022)

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