Light leaves weak shadows
badly drawn on the walls
rain falls poorly
but there will be a heavy shower
by mid-afternoon
workers on the scaffolding of the opposite building
gather at the works dockyard
cars slow down the avenue
windshield wipers oscillating
no pedestrians on sidewalks
just open umbrellas that hurry
in my living room comfort
I'm electrocuted by a mettalic gray sky
that doesn't kill
but blinds

stunned

I blink the melancholy of the day
and record in this petty text
the life's emptiness

A luz deixa sombras leves
mal desenhadas nas paredes
a chuva cai pobre
mas será aguaceiro forte
a meio da tarde
os trabalhadores no andaime do prédio em frente
recolhem-se ao estaleiro da obra
carros passam lentos na avenida
os limpa pára-brisas a oscilar
não há peões nos passeios
só guarda-chuvas abertos que caminham apressados
no conforto da minha sala
sou electrocutado por um céu cinzento-metálico
que não mata
mas cega

aturdido

pestanejo a melancolia do dia
e registo neste texto mesquinho
a vacuidade da vida

by Armando TABORDA, 2019